OLÁ AMIGOS ESTAMOS DE VOLTA

É BOM ESTAR DE VOLTA COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS, ... Quando foi criado o JunaNews, no 1o. exemplar em edição impressa, disse que com emoção fazia minha estréia. Falei da paciência, persistência e fé que sempre tive por 12 ou mais anos até aguardar nascer o filho dessa casa que montei com amor, porque esse é um filho que fala a voz de todos os outros filhos de fé; dos, que no chão deste "terreiro" batem suas cabeças e de tantos que possam vir nele pisar; "filho" que transmitirá as mensagens dos inúmeros espiritos de luz e de quantos aqui quiserem chegar, basta querer e terá o seu espaço. Ensinamentos e doutrinas para áqueles que são sedentos de aprendizado, não vão faltar. O conhecimento é direito de todos e isso ajuda a Umbanda crescer. Hoje o Juna News virou blog na internet, e poderá falar para e em nome de tanta gente de tantos outros lugares no mundo que sei lá, o futuro a DEUS - ZAMBI pertence. Então mais uma vez venho deixar o meu muito obrigado àqueles que se interessaram em ajudar agora a saírmos do papel, porque tudo evolui não é assim mesmo... Estou satisfeita em confirmar que sonhos não envelhecem. (ligue o som e aproveite nosso blog e compartilhe experiências. MÃE LÊ. - junho-10.

(aperte o play) Clube da Esquina - Milton Nascimento

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Mestre Marne com OGUM MAREMAR

18 de nov. de 2010

ANTES UM GRITO DE LIBERDADE! AGORA UM GRITO DE SOCORRO. UMA REFORMA INTIMA DE CONSCIÊNCIA É NECESSÁRIA, EM TODOS OS POVOS, EM TODOS OS CREDOS, EM TODOS QUE SE CHAMAM HUMANOS!

Conjuntura africana - Um Continente inteiro busca um lugar ao sol

“Fixai bem: não posso viver senão pela África e para o que com ela se relaciona. Assim, quebrado pelas fadigas, o meu espírito sente a força de um leão, e mais do que nunca estou firme e inabalável, a despeito de todos os obstáculos do universo, no meu inseparável grito de guerra: África ou morte!”


Daniel Comboni


“Num mundo controlado pelas nações ricas e poderosas, a África tornou-se praticamente um apêndice sem importância, muitas vezes esquecida e abandonada por todos”, disseram os bispos africanos durante o Sínodo para a África, em maio de 1994.

A “força de um leão” - como disse Comboni - pode não ser suficiente para superar séculos de dominação e desprezo.

Parece inconcebível que a África esteja à beira do caos
. Do continente vêm 90% dos diamantes, 70% do ouro e um quarto do urânio que circulam no mundo. Existe petróleo em quantidade e uma infinidade de outras riquezas naturais. Mas é a triste verdade.

Oito países africanos lideram o ranking dos mais pobres do mundo: Guiné, Burkina Fasso, Serra Leoa, Níger, Chade, Mali, Gâmbia e Somália.

Outros, que ocupam lugares menos desconfortáveis nas estatísticas que medem o nível de vida da população mundial, exibem igualmente dados que causam espanto. Moçambique, por exemplo, tem uma renda anual per capita de 73 dólares, quinhentas vezes inferior à da Suíça e quarenta vezes à do Brasil.

Não é um caso isolado. De norte a sul do continente, que já conheceu as mais antigas e prósperas civilizações, miséria e sofrimento não têm tamanho. Um “continente à deriva”, como já foi chamado. Visto de longe, parece um barco prestes a afundar, submergido pelas ondas de lutas tribais, de ditadores sem escrúpulos, de uma corrupção incontrolável.

Dos 18 milhões de refugiados que a Organização das Nações Unidas (ONU) registra, mais de 12 milhões são africanos. Em todo lugar, com raríssimas exceções, o quadro é o mesmo: economias quebradas, governos incapazes de lidar com os problemas de seus países, povos se arrastando sem perspectivas.

Cálculos aproximativos dão conta de que em algumas regiões da África Central metade da população está contaminada pelo vírus da Aids. É um dado sintomático: mostra o tamanho do abandono que atingiu o continente.

Algum castigo divino estaria por detrás de tudo isso? Ou algum problema crônico, que faz da África um continente diferente dos outros e, por isso, destinado a ir a reboque do resto da humanidade?


Não é assim. Um olhar atento revela que o “paradoxo África”, com seus dramas e contradições, pode ser tudo, menos o resultado do acaso ou de um destino inexorável.


COM RÉGUA E LÁPIS

A Europa tem muita responsabilidade em tudo isso. Desde 1500, um cordão umbilical une os dois continentes: a riqueza de um foi sendo acumulada às custas da exploração e sangria do outro - e não só da África. Tudo de forma legal, para deixar tranqüilas as consciências de papas e reis católicos das cortes espanhola e portuguesa.

Só para construir o Brasil, calcula-se que Portugal tenha caçado mais de 5 milhões de africanos. Com a bênção do pontífice. Cálculos estimativos - e nesse campo, infelizmente, só é possível trabalhar com estimativas - falam em cerca de 100 milhões de negros sacrificados no altar de um modo de produção que, desde as suas origens até hoje, faz a mercadoria valer infinitamente mais do que a pessoa humana.

A África foi o único continente que não cresceu durante mais de quatro séculos. Isso para que a elite européia ganhasse fortunas nos disputadíssimos mercados de Lisboa, Madri e, sobretudo, Paris e Londres.

A Europa do século 19 viu a superação definitiva dos resquícios medievais e a arrancada em direção ao novo mundo da industrialização, urbanização e democracia, da formação de Estados nacionais com uma língua única, uma cultura oficial, uma religião e uma bandeira. Era a febre de progresso que varria o passado e renovava todas as dimensões da vida humana. Para a África, mais um século perdido.

A partir de 1830, o norte do continente começou a ser tomado de assalto pela França, que invadiu a Argélia com a perspectiva de estender o seu controle sobre toda a região e, aos poucos, alcançar as riquezas escondidas da África Central.

Portugal não queria ficar atrás e cobiçava a parte centro-meridional do continente, enquanto a Inglaterra avançava Nilo adentro até o Lago Vitória, na divisa entre Uganda, Quênia e Tanzânia atuais. A Alemanha havia optado pelo sul, a Itália, pelas regiões banhadas pelo Mar Vermelho, a Espanha, pela costa ocidental, a Bélgica, pela imensa região do rio Congo...

Não havia um único lugar que não estivesse sendo cobiçado, invadido e tomado por europeus. Das quarenta unidades políticas em que a África tinha sido dividida até 1913 - em alguns casos usando-se régua e lápis em Londres, Paris ou Berlim - 36 estavam sob o direto controle europeu. A França, o país mais beneficiado, controlava quase um terço dos 30,3 milhões de quilômetros quadrados do continente.

À sombra das colônias e a elas atrelados política, econômica e culturalmente, só cresceram um mercado exportador, geralmente uma monocultura e, em nível social, uma pequena elite local servil, dependente e submissa. O resto não interessava aos europeus.

SONHO DA GRANDE ÁFRICA

Veio então o período das lutas pela independência, após a Segunda Guerra Mundial, e o sonho da Grande África, com liberdade e prosperidade.

Lumumba, o líder da independência congolesa (atual Zaire), dizia em seu discurso no dia da vitória contra o poder colonial: “Nunca esqueceremos que a independência foi conquistada com lágrimas, fogo e sangue. As feridas estão ainda muito abertas e doloridas. Foram oitenta anos de colonialismo, e não podemos apagá-lo de nossa memória. Demonstraremos o que um homem negro é capaz de fazer quando trabalha pela liberdade”.

A idéia comum era de que as nações recém-formadas tinham um mesmo destino e de que o continente devia ser reconstruído sobre novos alicerces. Livre, a África seria outra, e não apenas economicamente. Para Leopold Sedar Senghor, do Senegal, era necessário, ao lado da reconstrução econômica, “descobrir novos valores culturais, próprios da civilização negro- africana: emoção e simpatia, ritmo e forma, imagens e mitos, espírito comunitário e democrático”.

Foi o grande sonho africano das décadas de 50 e 60. Um sonho que durou pouco. Em trinta anos, o fracasso, por causa de disputas internas entre facções rivais, por brigas pelo controle do Estado, por experiências políticas frustradas.

Os “pais da pátria” - homens da envergadura de Turé, Kenyatta e Nyerere, só para citar alguns - viraram mitos de um passado remoto que serviu para lançar no cenário internacional uma turma de líderes tristemente famosos pela incompetência, corrupção e falta de escrúpulos. A maioria das vezes, oportunistas que o que fizeram foi levar o continente da esperança para o abismo.

RECOLONIZAR A ÁFRICA?

Uma tese polêmica, lançada recentemente e que vez ou outra é retomada por intelectuais e políticos, prega a necessidade de “recolonizar a África”. Ali Mazrui, um professor do Quênia, escreveu que a recolonização é necessidade urgente. “Pode ser a maior esperança para a África”, chegou a dizer.

O professor queniano imagina que “recolonização” possa ser a palavra-chave do século 21. À diferença, porém, da colonização passada, propõe que o processo seja conduzido pela própria África. O conceito é usado para dizer que é necessário reconstruir o continente em suas bases políticas, econômicas e culturais. Como foi feito pelos europeus, a seu modo, no século passado, com investimentos maciços de recursos e energias.

O problema é que o colonialismo nunca deixou de existir, mesmo se disfarçado com roupagem africana, analisam outros. “Por motivos óbvios, a palavra recolonizar não é usada em voz alta na África, assim como, pelos mesmos motivos óbvios, não é pronunciada no Ocidente, a não ser por alguns nostálgicos periódicos de Londres ou Paris”, escreve o jornalista Christopher Hitchens num jornal do Quênia. “Porém, o fato é que em quase todos os países o Banco Nacional é uma delegação do Banco Mundial, as Forças Armadas são assessoradas pela ONU, as eleições acontecem sob a vigilância de observadores internacionais, os cidadãos em situações emergenciais pedem auxílio às organizações de ajuda internacional e as melhores propriedades são de companhias multinacionais.”

Pode estar aí uma chave que ajuda a entender os grandes problemas enfrentados pela África. O continente ganhou independência política, mas nunca dispôs de autonomia para gerir a sua história. Continua tutelado, como se fosse incapaz de andar com as próprias pernas.

O teólogo tanzaniano Laurent Magesa vai na mesma linha quando afirma que a saída não é recolonizar. Segundo ele, é preciso sacudir dos ombros séculos de dominação e inércia, com o que de pior elas introduziram na mente das pessoas e nas estruturas de poder. Inclusive na Igreja, que entrou no continente como parte de todo esse processo. “As semelhanças são evidentes”, diz o teólogo, referindo-se à maneira como as questões eclesiais são encaminhadas no interior da Igreja africana.

(João Munari, p. 31)

ENTRAVES POLÍTICOS E SOCIAIS

Ninguém nega o potencial africano. Mas uma série de entraves costumam ser enumerados quando o assunto é a inserção da África, a curto e médio prazo, no mercado mundial.

Em primeiro lugar, há guerras que duram décadas, e nenhum país do mundo se desenvolve aplicando uma economia de guerra. Em Moçambique, a guerra de quase vinte anos consumiu 15 bilhões de dólares, uma fortuna para um país de economia pobre. Há colossos do ponto de vista econômico que estão agonizando, como é o caso do Sudão, de Angola e do Zaire. Ninguém se sente estimulado a investir em regiões que não tenham alcançado uma certa estabilidade política e social.

As lutas tribais representam um complicador a mais. A tragédia de Ruanda revelou ao Ocidente um lado obscuro e ainda pouco conhecido. A estabilidade que se procura passa pela costura de uma unidade nacional que em muitos lugares é quase impossível. “Nação” é um conceito importado para a maioria dos países africanos. Imaginar um povo unido ao redor de uma língua comum, de uma cultura dominante, uma religião, uma história e uma bandeira não passa de fantasia em diversas regiões. O Estado moderno, com sua burocracia e seus serviços, não representa a maneira de a África lidar com os problemas da coletividade. O que sobra é em geral uma infinidade de faz-de-conta. No máximo, serve para salvaguardar as aparências, não mais que isso.

Há ainda o problema da corrupção. “Muita gente ocupa posições de autoridade apenas para conseguir dinheiro para si, a famílias e os amigos”, revela Pete Henriot, diretor de um centro de estudos de Lusaka, capital de Zâmbia. “Há africanos muito ricos, e freqüentemente são eles que ocupam cargos políticos importantes.” Investimentos estrangeiros e riquezas nacionais acabam engordando contas bancárias na Suíça e nos chamados “paraísos fiscais”.

O fato de não conseguir desenvolver economias saudáveis e democracias confiáveis deixa a África em posição marginal no cenário mundial. Por toda parte, os países se organizam em blocos econômicos e criam suas redes de trocas (União Econômica Européia, Nafta, Apec, Mercosul), menos na África. Como imaginar algo semelhante, se apenas 5% das trocas comerciais que interessam à África se dão no interior do próprio continente?

Acrescente-se a tudo isso o problema da inflação, da falta de infra-estruturas e das dívidas interna e externa, e dificilmente se consegue vislumbrar saídas a curto prazo, pelo menos para a grande maioria dos países do continente.
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