OLÁ AMIGOS ESTAMOS DE VOLTA

É BOM ESTAR DE VOLTA COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS, ... Quando foi criado o JunaNews, no 1o. exemplar em edição impressa, disse que com emoção fazia minha estréia. Falei da paciência, persistência e fé que sempre tive por 12 ou mais anos até aguardar nascer o filho dessa casa que montei com amor, porque esse é um filho que fala a voz de todos os outros filhos de fé; dos, que no chão deste "terreiro" batem suas cabeças e de tantos que possam vir nele pisar; "filho" que transmitirá as mensagens dos inúmeros espiritos de luz e de quantos aqui quiserem chegar, basta querer e terá o seu espaço. Ensinamentos e doutrinas para áqueles que são sedentos de aprendizado, não vão faltar. O conhecimento é direito de todos e isso ajuda a Umbanda crescer. Hoje o Juna News virou blog na internet, e poderá falar para e em nome de tanta gente de tantos outros lugares no mundo que sei lá, o futuro a DEUS - ZAMBI pertence. Então mais uma vez venho deixar o meu muito obrigado àqueles que se interessaram em ajudar agora a saírmos do papel, porque tudo evolui não é assim mesmo... Estou satisfeita em confirmar que sonhos não envelhecem. (ligue o som e aproveite nosso blog e compartilhe experiências. MÃE LÊ. - junho-10.

(aperte o play) Clube da Esquina - Milton Nascimento

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Mestre Marne com OGUM MAREMAR

15 de set. de 2010

A ESTRUTURA DA UMBANDA

Muitas matérias explicam o sincretismo e a estrutura religiosa da umbanda, porem não concordo com a maioria das matérias que retratam um conceito à parte da essência que a fez quebrar fronteiras e sair pelo mundo, partindo da nossa terra e tocando o coração dos povos estrangeiros, nestes anos venho estudando a cultura afrobrasileira e suas divindades e percebo que os Umbandistas e seus sacerdotes
 ainda sofrem para se estabelecer e apresentar sua tradição.

Para entender como funciona esta estrutura existe a necessidade de conhecer a sua origem e a cultura do candomblé. Claro que não podemos negar a influencia que a mesma proporcionou à umbanda. Tanto que poderá notar que não existe Umbanda pura a menos que esta não use atabaques, pembas, ervas, vestimentas coloridas entre outros itens que passam despercebidos porem fazem parte da cultura africana. Por isso se você acha que pertence a um culto sem influencias estrangeiras desista, pois ela absorveu muito das maiores religiões e costume deste povo brasileiro.





Falando em influencias e sincretismo religioso notaremos que a Umbanda possui grandes vínculos com o cristianismo tanto quanto o candomblé , mas não vamos confundir um terreiro de Umbanda com uma sacristia e muito menos que ele é um candomblé light. Por isso eu sou a favor da abolição das imagens católicas e da valorização da cultura da Umbanda.





O sincretismo cristão oferece certo conforto disfarçado aos visitantes, pois o visitante ao chegar o encontra imagens de santas e santos que tranqüilizam e harmonizam o ambiente, mas não deve durar muito, pois toda moeda tem duas faces, este consulente tropeçará mais tarde com o lado "B" do sincretismo, percebendo que as imagens representativas dos Exús e Pomba Giras afogam toda esta harmonia e sufocam a fé e credibilidade deste casamento. Basta pensar no que as crianças pensariam ao ver uma imagem com chifres deformada e pés de bode, e a Pomba Gira nua parecendo uma prostituta, será que é realmente necessário?







Considerando estes pequenos valores depreciativos da imagem religiosa, eu penso que vai além quando vemos os adeptos da mesma visitando a igreja, um sacerdote deve oferecer conforto e fé, porem se esta fé é duvidosa então não terá alcançado a sua meta, pois entramos numa religião para chegar ao sanctum espiritual, se o membro do templo não tem a plena certeza de ter encontrado o seu caminho, não passará de um visitante com encargos e afazeres. Por isso eu penso muito nas conseguencias e resultados obtidos pela religião, mas ao ver uma mãe de santo velhinha e marcada pelos anos de trabalho umbandista, ajoelhada para beijar a mão do padre e ele olhando para ela com aquela expressão de salvação e de indulgência, faz com que eu repense sobre os valores do sincretismo.





Se a Umbanda possui sacerdotes e sacerdotisas logo pensamos que estão aptos para ministrar rituais e eventos sagrados. Por isso eu acho dispensável para os adeptos da religião batizarem seus filhos na igreja, afinal não vemos judeus, mulçumanos, budistas batizando seus filhos na igreja católica.





Referente ao conceito e estrutura religiosa ela é um pouco mais complicada, pois abordamos influencias e estruturas estrangeiras. A Umbanda teve inicio pó-liberdade dos escravos, não creio que vá muito alem de 150 anos, mesmo assim o que importa é saber que alguns dos antigos escritores e estudiosos desta religião fizeram para estruturar. Mas esta organização veio com grande força e estrutura nas mãos do Matta e Silva que escreveu vários livros, porem um único que me chamou atenção, justamente “Umbanda para todos” que estrutura as entidades cultuadas alinhando falanges, falangeiros e finalmente os Orixás da Umbanda. Porem o que a população não entendeu foi à mensagem que ele outorgou para o Umbandista, ele deve ter observado a estrutura do candomblé e para isso percebeu que toda linha necessitava de um chefe desta linha e acima mais um e depois uma entidade que administrasse todo este universo.





Neste período os umbandistas já recebiam influencia do kadercismo, que por sinal buscava uma evolução e inspiração no cristianismo, com uma contradição terrível que era trabalhar com entidades baseadas nas mais baixas energias vibratórias, e claro que para uma cultura Européia e estrangeira que não aceitavam caboclos, nego-veios e Exu trabalhando nas sessões. Acredito que estes dois fatores impulsionaram ao Matta e Silva promover entidades para Orixás, mas quem são estes orixás cultuados numa religião que tradicionalmente venera espíritos?





Seria um erro fugir do preconceito e formar um grande equivoco para isso ele seguiu as estruturas religiosas das casas de Candomblé da atualidade, baseando no seguinte pensamento;





- Baseado na evolução das entidades, ao chegar ao topo da evolução simplesmente não teria nada que fazer e receberiam uma aposentadoria final? Foi justamente pensando neste after que ele nomeou as entidades mais evoluídas para comandar as entidades que buscavam a evolução através do passe.

Trabalho espiritual + reencarnação + transição = Evolução e ascensão (Orixás).



- Logo um Caboclo de Oxosse seria comandado por um falangeiro de Oxosse, que seria chefiado por um determinado Orixá. Porem este orixá ao qual nos referimos não possui ligação alguma com o Orixá ao qual é cultuado nas casas de Candomblé. Pois o que a maioria não entende é que nem todas as divindades são orixás e nem todos os orixás podem ser cultuados.





Orixás – As divindades Yorubá são divididas em duas classes. Os Funfun que desceram do Orun e nunca tiveram vida e os Ebora, que são aqueles que nasceram dos deuses africanos aqui na terra. Oxalá desce do Orun e não nasceu aqui, como muitos pensam.





Vodoun - São as divindades dos povos Djedje, algumas divindades surgem de antepassados divinizados ou seres da natureza. São diferentes dos Orixás e muitos não são cultuados entre os povos Yoruba.





Nkissi – Os deuses Bantus são antepassados divinizados por NZambi, a nação de Angola teve grande influencia na Umbanda, pois era a única que aceitava entidades nos seus terreiros, Porem esta influencia não justifica que sejam os mesmo cultuados, fator ao qual me apego é que os Nkissi nao são entidades nem Orixás.







- Não existindo limites para a classificação das divindades começou a disputa das atuais escolas Umbandistas, para criar algumas divindades ou renascer, ao qual sou contra, pois tradição não se faz com abuso da criatividade, tradição se faz com raiz e dedicação, mantendo a relação do passado com o presente. Isso não quer dizer que deveremos ver terreiros de Umbanda a luz dos candeeiros, pois tenho certeza que podemos evoluir e manter tradições.





- Não existindo uma base linear para padronizar as linhas, tudo teve inicio nas sete que mais tarde os chefes de terreiros acharam necessidade de consagrar mais alguns, porem as básicas são;

Entidades

Caboclos de Ogum

Caboclo de Oxosse

Caboclo de Xango

Sereias de Oxum

Sereias de Yamanja

Sereias de Iansa

Nega-veia

Nego-veio

Caboclos curandeiros

Linhas Falangeiros



Falangeiros de Ogum

Falangeiro de Oxosse

Falangeiro de Xango

Falangeiras de Oxum

Falangeiras de Yemanja

Falangeiras de Iansa

Falangeiras de Nana

Falangeiras de Nego-veio

Falangeiro de Ossanhe

Falangeiros Orixás



Ogum

Oxosse

Xango

Oxum

Yemanja

Iansa

Nana

Obalaye / omulu

Ossanhe

Oxalá





A lista acima apenas ilustra as principais linhas, falanges e entidades cultuadas na Umbanda, não citei as linhas auxiliares pelo fator delas trabalharem na vibração das linhas que classifiquei acima, a maioria das linhas auxiliares trabalham cruzadas com estas linhas para que não percam suas energias primárias.





- Observe a lista dos orixás e perceberá a presença de Ossanhe, ele que tem uma posição importante dentro do culto, nos seus rituais e fundamentos, baseado na carência de substituir o Ejé (sacrifício animal) que os Umbandistas foram buscar nas ervas a sua força. Nestes rituais acrescentamos banhos, defumação, bate-folhas, amacis, sacudimentos e fundamento.





Alguns sacerdotes costumavam atribuir à Oxosse o culto das folhas, mas todos sabemos que Oxosse é uma exímio caçador diferente de Ossanhe que realmente conhece as forças das ervas, retratado nos antigos feiticeiros (caboclos).





- Estes orixás não pertencem às divindades africanas que são cultuadas nos terreiros de candomblé, basta perceber que bastaria Oyá ou Xapanã descer num terreiro para levar todos Egun ali presente. O erro ou o ponto favorável é que através do sincretismo eles receberam o mesmo nome que as divindades africanas.





- O conceito de Egun no ritual da Umbanda é totalmente errado, pois Egun é uma abreviação de Egungun, que para a cultura mãe africana, são espíritos não havendo distinção entre certos ou errados, simplesmente são espíritos que podem ser encontrados nos templo religiosos, as minhas entidades e de qualquer médium são Egun, e eles são respeitados e cultuados dentro da cultura.









Outro ponto importante a comentar é sobre os Egun, o conceito que a Umbanda desenvolveu sobre os espíritos é que eles não possuem sexo, e escolhem vir como homem ou mulher, porem este conceito está muito errado, e foi dentro do culto de Egungun que chego as considerações a seguir;





- Sango foi o primeiro Egungun, foi em Oyo que teve o inicio ao culto de Egungun, baseado neste item pude notar que apenas os Egungun dos homens será cultuado, as mulheres não são cultuadas. Desta forma devemos reconsiderar conceitos e regras que perderam o seu fundamento. Mas não é preciso sair da Umbanda para entender a mesma regra, aonde uma entidade como o nego-veio irá trabalhar toda a vida espiritual do médium na forma de nego-veio e não mudara para nega-veia. Desta forma devemos entender que para o espírito existe um sexo, e devo considerar que os espíritos devem ter passado a mensagem que não existe sexualidade ou vida sexual ativa para os espíritos e infelizmente entenderam que para o espírito não existe sexo. Porem se isso fosse correto teríamos grande problema com o rei de Oyo – Sango.





Já na atual Umbanda eu tenho referencias de sacerdotes que fizeram algo por ela, como Carlos Buby (São Paulo) que reorganizou a Umbanda com rituais e conceitos, apesar de desconsiderar o seu conceito estrutural das divindades cultuadas por ele, afinal Orisá africano somente nas casas de candomblé possuem fundamento para cultuar, mas no quesito entidades ele realmente tem uma organização considerável.





Outro Bàbá que venho observando seu trabalho é o Ricardo Bandeira (Sorocaba) que está promovendo um excelente trabalho cultural e conceitual na Umbanda, um setor muito carente da religião que passa despercebido por muitos, quanto ao seu ritual infelizmente não tive contato ainda para poder apresentar algo, porem uma boa Orí traz bons frutos, desta forma eu sei que deve levar muito bem seus rituais.





Mesmo citando aqui a obra do Matta e silva eu não tenho mais considerações a fazer além das citadas aqui, eu acredito que a intenção do autor e Umbandista foi valorizar as entidades da Umbanda e classificá-las para que fossem respeitadas, mesmo tropeçando com alguns textos e reflexões que jamais adotaria, pois acho que muito conteúdo se transformou em romance. Visto a situação amarga que vemos a Umbanda sofrer na atual realidade com autores e pensadores modernos que distorcem os caminhos da mesma.





É fácil notar que a religião espírita e o candomblé são respeitosamente referenciada nas novelas e documentários, diferente da Umbanda que quase nunca aparece, caso ocorra sempre tem que ser feito numa linguagem distorcida e caricata.

Por Erick Wolff8

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